O Diversidade23 divulgou ontem (22/09) o Observatório sobre a Empregabilidade LGBT, um artigo nunca antes realizado no Brasil. À frente da pesquisa, está Eliseu Neto, Coordenador nacional do Diversidade23, que teve apoio de Cristovam Buarque, ex-Senador. O observatório tem como principal objetivo trazer à luz o entendimento de como a discriminação pode impactar a rotina trabalhista dos funcionários LGBTI+.
Ao todo, o levantamento contou com a participação de mais de mil profissionais LGBT e heterossexuais dos mais variados setores e estados brasileiros. A ação faz parte da campanha #ProudAtWork, que procura discutir o tema da diversidade no mercado de trabalho.
No observatório, consta-se que 35% dos entrevistados já sofreram algum tipo de discriminação no ambiente de trabalho e metade deles assumiu a orientação sexual em seus respectivos empregos. No entanto, apesar de 25% dos entrevistados LGBT afirmarem que contaram a algum colega de trabalho sobre a sua orientação sexual, 25% ainda não falaram a ninguém.
Entre esses 25% de profissionais que resolveram não abrir à equipe sobre sua orientação sexual, foi possível identificar os motivos principais que os levaram a ter esse comportamento. Enquanto 51% não via a necessidade de expor, 37% não gosta de falar sobre a vida pessoal, 22% tem medo de sofrer represália por parte dos colegas e 32% afirma que ninguém sabe a orientação sexual dentro e fora do trabalho.
A discriminação no ambiente trabalhista, sendo velada ou não, ainda acontece em sua maioria por causa dos colegas e 12% por parte dos gestores. Entre as principais formas de discriminação, comentários homofóbicos e piadas ganham destaque. Ainda assim, a pesquisa aponta, entre os heterossexuais que possuem um colega homossexual, que 33% presenciaram algum tipo de discriminação com o profissional LGBT no trabalho.
Quando o assunto são cargos de liderança, a diversidade na ocupação desses postos também é um grande desafio. No Observatório, foi mostrado que somente 13% dos profissionais LGBT ocuparam cargo de Diretoria e 15% de Coordenação, enquanto a maior parte (54%) está ocupando cargos de entrada, que são os analistas, assistentes e estagiários. Apesar desses números, quando entrevistados, 71% dos profissionais heterossexuais afirmaram que não teriam algum tipo de problema em ter um gestor LGBT.
A promoção da diversidade no ambiente de trabalho e a inclusão da população LGBT são fundamentais para um ambiente mais rico de opiniões e visões, além de garantir os direitos dessa parcela da população, que em sua maioria, opta por abandonar os estudos e, muitas vezes, entram na prostituição, que não protege ou garante os direitos trabalhistas básicos, expondo-os mais à vulnerabilidade, como violência corporal e sexual.
Segundo o próprio estudo sobre empregabilidade e a importância da diversidade, “negócios bem-sucedidos são aqueles que se afastam da superficialidade dos discursos e buscam práticas que sejam consistentes, coerentes e percebidas pela sua integridade, dignidade, familiaridade e vivência cotidiana daquilo que a empresa diz ser e pretende significar para as pessoas”.
Ainda que a sociedade precise entender mais sobre diversidade e igualdade, e os números da pesquisa não serem positivos, os profissionais LGBT (60%) afirmam que nutrem bons sentimentos em relação aos seus colegas de trabalho, em que 23% dizem que são respeitados e 15% se sentem em igualdade. Já por parte dos funcionários heterossexuais, 44% escolheram “respeito” como principal sentimento e 19%, “empatia”.
Você pode ler o Observatório sobre Empregabilidade LGBT aqui.
Matéria escrita por
Amanda Santiago
Jornalista do Comitê de Comunicação da Câmara LGBT do Brasil
É triste saber que ainda há discriminação. A verdade é que as grandes lideranças procuram não decidir, eles esperam a sociedade decidir. Depois vira um efeito cascata.
Enquanto nenhuma empresa apoiar de fato o ingresso de LGBTQIA, as demais empresas não tomarão a iniciativa.