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Programação de cultura da 4ª Conferência Internacional da Diversidade abriu com debate sobre a ocupação da cidade de São Paulo para a produção audiovisual

Em parceria com o Festival MixBrasil, o primeiro painel do Dia de Cultura da 4ª Conferência Internacional da Diversidade e do Turismo LGBT foi uma mesa dentro do programa MixLab SP Cine, que é um encontro de pessoal envolvidas com a produção audiovisual LGBTI+.

Mediado por Marcio Miranda Perez, coordenador da programação de cinema do Festival MixBrasil, o debate falou sobre a ocupação do espaço da cidade de São Paulo pelos produtores de audiovisual LGBTI+, trazendo a experiência dos speakers sobre os desafios enfrentados na produção dos três filmes que tinham representantes no painel: “Meu nome é Bagdá”, “Picumã” e “Para onde voam as feiticeiras”.

Rafaella Costa, produtora de “Meu nome é Bagdá”, filme que mostra a realidade de meninas skatistas na cidade, lembrou que durante o processo de pesquisa a equipe observou que não existiam quase meninas nas pistas de skate da cidade. Por isso, Caru Alves de Souza, diretora da mesma película, lembrou que quem assistir verá as meninas que estão no filme conquistando uma cidade que é hostil à elas. “É símbolo na conquista das mulheres do espaço público”, comentou.

Ocupar estes espaços que são negados à população LGBTI+ foi um desafio comum aos três filmes. Eliane Caffé, diretora de “Para onde voam as feiticeiras” lembra que durante as filmagens percebeu o preconceito da cidade em relação às personagens de seu filme, um grupo de performers LGBTI+. “Até a gente naturalizar esse processo social é um longo caminho”, afirmou, lembrando que este é apenas um aspecto de seu filme.

Mas a importância da ocupação da rua foi destaca por todas as presentes. “Temos que estar em qualquer lugar que a gente quiser estar, mas só nos é dada a rua. Mas precisamos mostrar que a gente não está só na noite, no obscuro, no lugar do fetiche”, afirmou Thata Lopes, Travesti multi artista que é uma das personagens do filme.

Outra participante de “Para onde voam as feiticeiras”, a dramaturga Ave Terrena, lembrou que mostrar a realidade dessa comunidade fez da experiência de gravação muito mais do que as cenas. “É uma interseção entre a arte e a vida”, lembrou. E concordado com Thata destacou: “A gente não tem direito de ocupar esta cidade. Mesmo que a gente esteja nos espaços, eles nos cerseiam”.

O painel falou ainda da necessidade de inserção da população LGBTI+ em toda cadeia de produção audiovisual e não apenas como personagem. Produtora de “Picumã”, Vita Pereira afirmou que a comunidade transexual e travesti, em específico, precisa utilizar truques para ocupa estes espaços culturais e que é preciso ampliar a visão sobre a vida dessas pessoas. “A gente está cansada de produzir e existir somente na dor. A gente quer falar sobre tantas outras coisas”, afirmou.

Thata concordou lembrando: “A gente produz. Dizem que a gente não é capaz. Mas a gente é cérebro, a gente é grande potência”. O momento trouxe uma longa reflexão do uso dessa comunidade apenas como personagem e não como produção cinematográfica. Um importante alerta pra a urgência da inclusão em todos os cargos dos bastidores.

Por fim, foi ressaltada a importância da troca de conhecimento e experiências durante o processo de produção das obras. “Se estão se abrindo para trabalhar com corpos LGBT, é preciso entender esses corpos”, lembrou Thata.

Wesley Santana, da equipe da São Paulo Film Commission, lembrou que já incentivam que os chefes de equipe também sejam da comunidade LGBTI+ e destacou: “No final das filmagens, a gente está fazendo o papel de deixar a cidade mais amigável”.

A 4ª Conferência Internacional da Diversidade e do Turismo LGBT tem como patrocinadores masters a companhia aérea chilena Sky Airlines e o estado do Mato Grosso do Sul. Como Destino Convidado Internacional, Jungfrau, na Suíça. Já o Destino Nacional Convidado é o estado de São Paulo. Os patrocinadores são a NGLCC Global e Diversa Turismo.

Entre os apoiadores do evento estão: Air Canada, Visit Argentina, Bahia, Canopy, Encantos do Jalapão, Espanha, Fairmont Rio, Seychelles, Mondoramas, Orinter, Mônaco, Provence-Alpes-Côte d’Azur, Pullman Ibirapuera, Cidade de São Paulo, Stoli, Tulip Inn e Visual Turismo.

Nos Apoios Institucionais são: ABAV, Aliança Nacional LGBTI+, Brazilian Luxury Travel Association, Braztoa, Festival Mix Brasil, FESTURIS, Fórum de Empresas e Direitos LGBT+, IGLTA, Movimento Supera Turismo Brasil, Museu da Diversidade, Rio Convention & Visitors Bureau, Visite São Paulo e WTM.

O mídia partner do evento é o Panrotas e as câmaras apoiadoras: Cámara de Comércio LGBT Argentina, Cámara de Comércio y Turismo LGBT y Diversidad de Chile, Cámara de Comércio LGBT de Colombia, Cámara de Comércio Diversa Costa Rica, Cámara LGBT de Comércio Ecuador, NGLCC, Cámara de Comércio Inclusiva del Paraguay, Cámara de Comércio LGBT de La República Dominicana, Cámara de Comércio & Negocios LGBT de Uruguay e Federación Mexicana de Empresarios LGBT+.

Entre os agradecimentos: Centro Cultural da Diversidade, Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo, Secretaria Municipal de Turismo de São Paulo e Sebrae.

Matéria escrita por
Otavio Furtado
Diretor de Comunicação da Câmara LGBT do Brasil

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