No dia 11 de novembro de 2024, o Museu Transgênero de História e Arte (MUTHA) fez história ao lançar o e-book “Primeiro Plano Museológico do Museu Transgênero de História e Arte”. O projeto, viabilizado pelo EDITAL PROAC Nº 32/2023 – MUSEUS, oferece acesso gratuito e ilimitado por meio de download no site oficial do museu (www.mutha.com.com.br), na seção de projetos.
Este plano museológico, uma exigência da Lei nº 11.904/2009, define missão, visão, valores e objetivos do MUTHA, além de direcionar sua atuação em programas e projetos que garantam sua função política e social. Com validade de 5 anos, o documento é fruto de uma construção coletiva e inter/transdisciplinar, que envolve conhecimentos de Museologia, História, Artes e Estudos da Performance.
Um marco importante para a população transgênera no Brasil, o plano permite que essa comunidade participe ativamente do planejamento e gestão de seu museu, promovendo a preservação de suas memórias e heranças culturais. Para isso, o projeto conduziu uma consulta pública, que reuniu ideias e sugestões de diversas organizações transgêneras do país.
O MUTHA também se orgulha de ter apoiado a formação de Luan Apollo, o primeiro museólogo trans e negro do Brasil, e de ter conquistado a certificação como um ponto de memória pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), sendo o primeiro espaço deste tipo voltado à história transgênera brasileira.
Além de apresentar um novo paradigma para o campo museal, o plano aborda desafios contemporâneos, como a adaptação de políticas públicas e o desenvolvimento de metodologias que priorizem o ambiente virtual. Ao se tratar de um dos raros planos museais criados para instituições virtuais, este documento pode servir como referência para futuras legislações sobre planejamento estratégico museológico digital no Brasil.
O “Primeiro Plano Museológico do MUTHA” não é apenas um guia de práticas; é um compromisso ético com a democratização do acesso à cultura e à memória da população trans. Com esta iniciativa o museu enfatiza a urgência de financiamento e fomento, uma vez que opera sem incentivo governamental fixo, e enfrenta desafios de instabilidade.
O plano é estruturado em seis partes, incluindo uma introdução à metodologia, o perfil institucional do MUTHA, o planejamento conceitual, um diagnóstico institucional, programas e projetos, além de referências bibliográficas e anexos.
Para acessar o e-book, visite o site do MUTHA e conheça um importante passo rumo à valorização e à inclusão da diversidade cultural no Brasil.
Sobre o Mutha
O Museu Transgênero de História e Arte é um museu transformacional, ou seja, continuamente em transformação, que objetiva criar incentivos, ferramentas e alternativas à produção de dados sobre violências cotidianas à vivências transgêneras no Brasil. Além disso pretende sempre sugerir caminhos artísticos, educativos, políticos e sociais alternativos; resgatar memórias e investir em (re)escritas históricas de processos que foram apagados desde o período colonial, suprimidos pela ditadura brasileira em outras configurações e perduram como tentativas de extermínio até os tempos atuais; investir na criação de um arquivo brasileiro sobre História e Arte transgênera; valorizar memórias e produções artísticas dessas existências, que não são ainda reconhecidas e visibilizados em espaços de produção cultural; discutir epistemologias corpo e gênero diversas nas artes; fomentar novos modos de vida em paisagens em ruína; celebrar a imaginação; destruir, por vezes, o que for preciso; produzir eventos e suportes para debates sobre diversidade de gênero e suas interseccionalidades, como processos étnico-raciais, deficiência, classe, sexualidade, e outros; e criar paisagens radicais para outros futuros.