A 9ª Conferência Internacional da Diversidade, que aconteceu entre os dias 09 e 12 de setembro, promovida pela Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, reuniu especialistas, representantes do poder público e produtores culturais para debater estratégias de promoção do turismo inclusivo e apresentar iniciativas voltadas à diversidade. Entre os painéis do dia dedicado ao turismo, a Embratur marcou presença com a palestra “Brasis da Diversidade”, proferida por Daniel Noble, supervisor da Coordenação de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas da agência.
Na apresentação, Daniel Noble detalhou o posicionamento estratégico da Embratur para promoção internacional do país como um destino plural, alinhado ao recém-lançado Plano Brasis (Plano Internacional de Marketing Turístico 2025–2027) e enfatizou que a diversidade regional e cultural do Brasil é elemento central na construção das narrativas de atração de turistas estrangeiros. Segundo Noble, a estratégia integra segmentos e nichos , entre eles o turismo LGBT+, como eixos relevantes para a promoção externa.
Dados e impactos econômicos
Durante sua fala, Noble apresentou recortes de desempenho recente do setor: afirmou que, no primeiro semestre de 2025, o Brasil recebeu aproximadamente 5,3 milhões de visitantes estrangeiros, número que, conforme dados divulgados pela própria Embratur e pela cobertura do trade, tem contribuído para aumento da geração de receitas do turismo internacional. Em paralelo, o lançamento do Plano Brasis busca traduzir esse cenário de recuperação em ações contínuas de promoção e capacitação do mercado emissor.
Como desdobramento prático do Plano Brasis, a Embratur lançou, e tem divulgado em suas ações internacionais, o catálogo Fio Brasil, que reúne 101 experiências selecionadas de norte a sul do país e que se apresentam como ofertas qualificadas ao mercado internacional. Essas experiências foram descritas pela agência como roteiros prontos para comercialização e aptos a compor pacotes temáticos que unam ecoturismo, afroturismo, etnoturismo, gastronomia e outros segmentos.
A agência também tem ampliado ferramentas de capacitação e relacionamento com o trade internacional, como a plataforma Brasil Travel Specialist (BTS), iniciativa B2B que visa formar agentes e operadores internacionais para vender experiências brasileiras com mais conhecimento e precisão. Noble citou ações como workshops, famtrips, press trips e influencer trips como complementos dessa estratégia de promoção baseada em dados e experiências reais.
Audiovisual como ferramenta de promoção e inclusão
Um dos pontos centrais da participação da Embratur na conferência foi a exibição do curta-metragem “Entre Sinais e Marés”, uma ficção ambientada na Ilha do Mel (PR) protagonizada por atores surdos — projeto selecionado pelo edital “Brasil com S”, iniciativa da Embratur que financia produções audiovisuais com foco em promoção territorial e pautas sociais. A exibição, segundo a agência, ilustra como produções cinematográficas podem gerar imaginação turística, dar visibilidade a narrativas subrepresentadas e fortalecer debates sobre acessibilidade, inclusão e diversidade.
A iniciativa “Brasil com S” já teve curtas exibidos em mostras e festivais, e o próprio projeto foi citado por representantes da Embratur como uma forma de ampliar o alcance internacional dos destinos retratados, ao mesmo tempo em que promove o protagonismo de comunidades tradicionais, indígenas e de grupos com deficiência.
Avaliação e desdobramentos
A participação da Embratur na Conferência da Diversidade reforça dois campos de atuação simultâneos: (i) a promoção institucional do país como destino que abriga múltiplas identidades e experiências — a partir do Plano Brasis e seus produtos e (ii) o uso estratégico do audiovisual e da capacitação do trade para transformar representatividade em produto turístico vendável no exterior. Especialistas ouvidos no evento destacaram que medidas de promoção internacional só terão efetividade se combinadas com investimentos em acessibilidade, formação de profissionais e ações que garantam segurança e acolhimento a visitantes LGBTI+ e outros públicos específicos.
Ao concluir sua apresentação, Daniel Noble convidou os presentes a assistir ao curta exibido e reforçou a perspectiva de que políticas públicas de promoção do turismo, quando articuladas com iniciativas culturais e de capacitação, podem ampliar o alcance internacional das experiências brasileiras e, simultaneamente, promover inclusão social. Para o setor, o desafio agora é transformar estes instrumentos: planos, catálogos, plataformas e editais, em resultados concretos de fluxo turístico, geração de renda e fortalecimento de destinos, mantendo a diversidade como princípio orientador.

