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Turismo LGBT+: liberdade de ir, vir e ser

Por: Leandro Pimenta, CEO da tg.mob*

Viajar é uma das experiências mais transformadoras que existem. É a chance de descobrir novos lugares, vivenciar outras culturas, experimentar sabores diferentes e, sobretudo, ser quem se é com autenticidade. Para a comunidade  LGBTQIAPN+, no entanto, esse direito ainda vem cercado de desafios, receios e barreiras que o turista convencional raramente enfrenta.

Enquanto o setor de turismo tradicional cresce a uma taxa de 3,5% ao ano, o turismo LGBTQIAPN+ avança quase três vezes mais rápido, a uma média de 11% ao ano, segundo dados de 2024 da Associação Brasileira de Turismo LGBT (ABTLGBT). Esse é um indicativo claro de que há uma demanda crescente por experiências que respeitem, acolham e celebrem a diversidade. O segmento movimenta cerca de R$ 15 bilhões por ano no mundo e representa uma força econômica e social que não pode e nem deve ser ignorada.

Ainda assim, a realidade de quem viaja sendo parte da comunidade LGBTQIAPN+ nem sempre é feita de boas-vindas. Um estudo realizado em 2024 pela plataforma Booking.com mostrou que 58% dos turistas LGBTQIAPN+  brasileiros já sofreram algum tipo de discriminação durante uma viagem. Esse dado faz parte de uma pesquisa global com mais de 11 mil viajantes LGBTQIAPN+ de 27 países e territórios e revela o quanto ainda é urgente discutir a segurança, o acolhimento e o respeito no setor de viagens.

Falo aqui não apenas como profissional do turismo e membro da comunidade LGBT, mas como alguém que acredita profundamente no direito de toda pessoa ocupar espaços com liberdade. O direito de fazer uma reserva sem medo do julgamento,  de caminhar de mãos dadas com a pessoa amada, ao simples gesto de existir e de ser respeitado por isso. Ainda há países que criminalizam relações entre pessoas do mesmo sexo, o que nos obriga a pensar não apenas no destino ideal, mas na possibilidade concreta de sermos tratados com dignidade.

É por isso que o turismo LGBTQIAPN+ não é uma tendência: é uma necessidade. Um convite à sociedade para repensar suas estruturas e, principalmente, para que o mercado se posicione como aliado. A hospitalidade verdadeira não está só no sorriso do check-in, mas nas políticas internas de inclusão, no treinamento das equipes, no marketing que valoriza a diversidade com sinceridade e na coragem de se posicionar.

Há muito ainda a ser feito. O turista LGBTQIAPN+ quer, como qualquer outro, viver experiências inesquecíveis. Mas quer também segurança, acolhimento, respeito e a certeza de que não precisará se esconder. A boa notícia é que as empresas de turismo, hotéis, operadoras e destinos têm uma oportunidade enorme de fazer parte dessa mudança e também de lucrar com isso, sem abrir mão da responsabilidade social.

Investir no turismo LGBTQIAPN+ é investir em inclusão, em inovação e, principalmente, em humanidade. É reconhecer que o mundo é mais bonito quando é plural. E que todos temos o direito de ir, vir e viver, sendo quem somos.

 

* Leandro Pimenta é , formado em Comunicação Social e com MBA em Gestão de Negócios e pós-graduando em ESG na FIA Business School, membro da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, CEO da empresa de mobilidade corporativa tg.mob e embaixador da Associação Latino-Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (ALAGEV)

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