O casal brasileiro Henrique Chirichella, 34, empreendedor e especialista em Diversidade, e Thiago Sartorato, 34, coordenador de Análises Clínicas, visitou em junho deste ano a Finlândia, o país mais feliz do mundo. Eles foram selecionados em um concurso do Visit Finland para conhecer o país e experimentar de perto a famosa “felicidade finlandesa”. A experiência foi surpreendente desde a chegada. “No aeroporto, encontramos banheiros femininos, masculinos e neutros, e logo percebemos que a inclusão aqui é levada a sério”, comenta Henrique.
A Finlândia, além de ser o país mais feliz do mundo, também se destaca pela inclusão e diversidade, ocupando o segundo lugar no Índice de Igualdade de Gênero, conforme o Relatório Global de Desigualdade de Gênero de 2022. Leis antidiscriminação, valorização das mulheres e políticas de equidade mostram como esses valores são centrais para a sociedade finlandesa, que aborda o tema desde cedo nas escolas. A legislação protege os direitos de casais do mesmo sexo, incluindo o direito à adoção.
Durante a semana que passaram no país, Henrique e Thiago puderam andar de mãos dadas e demonstrar carinho em público sem medo de julgamentos ou hostilidade. “Nossos gestos de carinho não foram vistos como ativismo, apenas momentos normais entre um casal”, diz Henrique, destacando a diferença em relação a muitas outras partes do mundo, onde expressar afeto em público pode gerar reações negativas. No Brasil, embora a homofobia tenha sido criminalizada em 2019, o preconceito ainda é prevalente. Em 2023, uma pessoa LGBTQIA+ foi morta violentamente a cada 48 horas, segundo a Associação Acontece Arte e Política LGBTI+ e outras organizações.
Inclusão
A Finlândia é reconhecida como uma das nações mais igualitárias do mundo, ocupando a segunda posição no Índice de Igualdade de Gênero. A trajetória do país na promoção da igualdade de gênero, diversidade e inclusão é longa, e suas políticas públicas refletem esse compromisso. A discriminação por gênero, identidade de gênero e orientação sexual é proibida, com mecanismos rigorosos de fiscalização. Esse compromisso com a equidade está presente em todos os setores da sociedade, inclusive no mercado de trabalho, que valoriza a diversidade e a igualdade.
Laura Lindeman, diretora sênior da Business Finland, afirma que o investimento em equipes diversas é um dos pilares da inovação no país. “Acreditamos que equipes diversas em gênero, cultura, nacionalidade, experiências e gerações promovem criatividade e cooperação, além de ajudar a atrair e reter talentos”, explica. Esse ambiente inclusivo atrai profissionais estrangeiros, como muitos brasileiros que buscam melhores oportunidades na Finlândia. Laura enfatiza que, na cultura finlandesa, as escolhas pessoais e a identidade de cada um não afetam as relações profissionais ou as chances de crescimento nas empresas. “Para os finlandeses, é importante que todos tenham igualdade de oportunidades e possam realizar seu potencial”, complementa.
Liberdade
A visita à Finlândia também permitiu ao casal perceber como o país se destaca em rankings globais de liberdade pessoal e qualidade de vida. Em 2023, a Finlândia conquistou o terceiro lugar no Índice de Liberdade Pessoal do Legatum Prosperity Index, uma evidência de seu compromisso com os direitos individuais e a igualdade. O país também foi eleito sete vezes consecutivas como o mais feliz do mundo pelo Relatório Mundial da Felicidade.
Heidi Virta, diretora da Business Finland e autora do livro “How to be Happier and Worry Less? 10 Clues from Timeless Wisdom”, que vive no Brasil há mais de três anos, acredita que a Finlândia pode inspirar outras nações, incluindo o Brasil. Segundo Heidi, o país é o mais feliz do mundo porque a igualdade é parte integral da sociedade. “Investir em educação de qualidade, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, licenças parentais e leis rígidas contra o preconceito promove a igualdade de gênero e a inclusão na Finlândia, essenciais para todos os aspectos da diversidade”, destaca Heidi.