A morte violenta da ativista trans Dannelly Rocha, conhecida como Danny, chocou o Rio de Janeiro e reacendeu o debate sobre a violência contra pessoas LGBTQIA+ no Brasil. Danny, de 38 anos, foi encontrada morta na madrugada de sexta-feira (2) em seu apartamento na Lapa, após ser vista chegando em casa acompanhada por um homem ainda não identificado.
Imagens de câmeras de segurança mostram Danny entrando no imóvel com o suspeito, que horas depois saiu sozinho, agindo de forma suspeita. Segundo relatos, um estrondo foi ouvido dentro do apartamento, e o homem foi visto pegando um objeto do chão (possivelmente o celular da vítima) antes de sair olhando para os lados, em atitude desconfiada.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro registrou o caso na 5ª DP (Mem de Sá) e analisa as imagens para identificar o suspeito. Até o momento, não há informações sobre a motivação do crime, mas a hipótese de feminicídio e crime de ódio está sendo considerada.
Danny Rocha: uma vida de acolhimento e resistência
Danny era cozinheira na CasaNem, um centro de acolhimento para pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade. Fundada em 2015, a instituição já abrigou cerca de 80 pessoas expulsas de casa por sua orientação sexual ou identidade de gênero. Amigos a descrevem como uma pessoa alegre, acolhedora e dedicada. Manoela Menandro, amiga próxima, relatou: “Para mim, a Dannielly sempre foi como uma mãe. Ela fazia a quentinha para a gente levar pro trabalho, cuidava dos meus bichos, limpava a casa. Era uma pessoa que irradiava alegria.”
Violência contra pessoas trans no Brasil
O assassinato de Danny se soma a um cenário alarmante. Segundo a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), em 2024, 122 pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil — 95,9% delas mulheres trans ou travestis. Apesar de uma queda de 16% em relação a 2023, o país segue sendo um dos mais perigosos para essa população.