A Suprema Corte dos Estados Unidos aprovou o casamento homoafetivo em todo o território nacional (e, se você não sabe disso, você não estava na Terra). Desde então, o assunto está causando um furor nas redes sociais. Gente comemorando, trocando foto de avatar para outra pintada de arco-íris, gente dizendo que essa manifestação toda é bobagem, gente lembrando que, no Brasil, a união civil estável entre pessoas do mesmo sexo é regulamentada desde 2013, e assim vamos colocando o assunto na pauta do dia. É uma vitória importante, certamente. Os EUA são vistos como uma liderança no cenário internacional, e pode ser que essa decisão de lá inspire outros países a legislarem da mesma forma (#oremos).
Alguns países estão mais adiantados que outros nessa corrida pela igualdade de direitos entre todo mundo. Hoje, a SUPERLISTA mostra os 10 melhores países do mundo para ser gay. Nossa lista foi baseada no primeiro “Índice de Felicidade Gay” do mundo, uma pesquisa feita pelo site Planet Romeo (de relacionamentos homossexuais) com mais de 135 mil usuários de internet. O trabalho levou em conta a opinião pública (como os gays se sentem a respeito da visão da sociedade sobre a homossexualidade), o comportamento público (como os gays recebem a forma como são tratados por outras pessoas), e a satisfação com a vida (quão satisfeitos os gays estão com suas vidas e com seu nível de aceitação sobre si mesmos).
Um ponto fraco da pesquisa é que ela não contou com depoimentos femininos. Como a pesquisa foi feita por um site de relacionamento voltado para homens gays (e não homossexuais, de uma forma geral), ele deixou de lado a participação das mulheres. Mas sabermos como a homossexualidade masculina é aceita em cada lugar já é um bom indicativo de como aquele determinado país enxerga a homossexualidade de uma forma mais ampla. Agora, sem mais delongas, vamos ao que interessa: os 10 melhores lugares do mundo para ser gay!
10. Luxemburgo
Você pode não saber onde fica Luxemburgo*, mas agora você sabe que lá é um ótimo lugar para visitar/morar se você for gay. O país conseguiu 70 pontos (de um total de 100) no índice geral de felicidade da pesquisa. As uniões civis são permitidas por lá desde 2004. Mas, em junho do ano passado, o Parlamento luxemburguês aprovou o casamento homoafetivo por 56 votos a 4, e a medida teve efeito em 1 de janeiro deste ano. Uma das consequências disso é que casais gays podem adotar crianças. Já lésbicas podem ter acesso a tratamento médico de inseminação artificial pelo sistema público de saúde.
*Agora, você também sabe que Luxemburgo fica na Europa Ocidental, no miolo entre a Bélgica, a França e a Alemanha.
9. Suíça
Também com 70 pontos no índice geral, a Suíça ficou em 9º lugar porque obteve um ponto a mais em cada um dos quesitos formadores da média. Desde meados dos anos 1990, o país tem um “Dia de Sair do Armário”, que corresponde ao nosso Dia do Orgulho LGBT daqui. Além disso, a homossexualidade não é mais mencionada no código das Forças Armadas do país desde 1999, o que ~significa~ que gays e lésbicas podem servir ao Exército, à Marinha e à Aeronáutica suíços. As uniões civis homoafetivas são reconhecidas desde 2007. Por outro lado, não há previsões legais de que casais homo possam adotar crianças.
8. Holanda
Ficou com 71 pontos no ranking do Índice de Felicidade Gay, e a Holanda é um dos países que mais estão na vanguarda dos direitos homossexuais em todo o mundo. A relação sexual entre pessoas do mesmo sexo foi legalizada em 1811, e os holandeses foram os primeiros a legalizar também o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ainda em 2001. Casais homossexuais também podem adotar crianças, e casais de lésbicas têm acesso a tratamento de inseminação artificial pelo sistema público de saúde.
7. Israel
Também obteve 71 como média dos três quesitos avaliados no índice, mas ficou com mais pontos em cada quesito individualmente. O país é um dos mais avançados do Oriente Médio e da Ásia em direitos homossexuais. Eles foram os primeiros a reconhecer a co-habitação entre pessoas do mesmo sexo, o que o torna o único da Ásia a reconhecer uniões homossexuais informais. Apesar de o casamento homoafetivo não ser realizado no país, Israel reconhece casamentos homo realizados em outros países. Desde 2008, casais homossexuais podem se candidatar para a adoção de crianças.
6. Canadá
O 6º melhor lugar do mundo para ser gay ficou com 72 pontos no índice geral de felicidade. A atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo foi descriminalizada em 1967 (várias décadas depois da Holanda, lembra?), e a lei contou com a frase célebre do então Procurador-Geral (que depois virou Primeiro-Ministro), Pierre Trudeau: “Não há lugar para o Estado nos quartos da nação”. Em julho de 2005, o Canadá se tornou o primeiro país fora da Europa e quarto do mundo todo a legalizar o casamento gay. As maiores cidades do Canadá, como Toronto, Montreal e Vancouver, têm vilas gays, e as cidades são nomeadas como algumas das mais gay-friendly do mundo.
5. Uruguai
Nosso vizinho é um exemplo a ser seguido (e não só quando o assunto é a sexualidade. Eles também estão à nossa frente nas discussões – e decisões – sobre descriminalização da maconha e do aborto. Mas isso é assunto para outras listas). Por lá, a discriminação por gênero é crime desde 2003, e casais homoafetivos podem adotar crianças desde 2009. As uniões civis entre pessoas do mesmo sexo são permitidas desde 2008 e, em 2013, o país passou a reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No índice geral de felicidade gay, o país ganhou 73 pontos no total, com destaque para o nível de satisfação dos gays com a própria vida, que ficou com 80 pontos em 100.
4. Suécia
A Suécia também empatou com o Uruguai com 73 pontos. Porém, teve mais pontos nos quesitos “opinião pública” e “comportamento público”, e por isso ficou na frente. Em 1979, o país parou de tratar a homossexualidade como uma doença mental (portanto, há mais de 35 anos eles pararam com essas bobagens de “cura gay”). A Suécia também foi o primeiro país do mundo a permitir que transexuais mudassem seu gênero nos documentos após uma cirurgia de transgenitalização. Isso ainda em 1972. Em 2013, eles aprovaram uma lei que permite a cirurgia no país. Em 1995, eles permitiram que parceiros homossexuais recebessem benefícios do Estado, e, em 2009, o casamento homoafetivo foi legalizado.
3. Dinamarca
O país ficou com 76 pontos na média total do índice de felicidade homossexual, e já está no top 3 melhores países do mundo para ser gay, e não é à toa. Ainda em 1989, o país reconheceu legalmente as uniões entre pessoas do mesmo sexo, com o nome de “registered partnership” (algo como “parceria registrada”). Em junho de 2012, essa lei foi substituída por outra, que reconhecia o casamento homoafetivo. Mas, desde 1999, pessoas com união homoafetiva registrada podiam adotar filhos. Em 2006, uma lei deu maiores direitos aos casais de lésbicas para que elas tenham filhos biológicos, e o nome da mãe não biológica do casal também aparece na certidão de nascimento da criança como sendo a outra mãe natural.
2. Noruega
O vice campeão do ranking ficou com 77 pontos no índice, e empatou com 78 pontos nos quesitos “opinião pública” e “satisfação com a vida”. A neutralidade de gênero dos casamentos – significando que todo mundo pode se casar, independente de quem seja @ outr@ noiv@ – tornou-se legal no país em 2009. Junto com essa decisão, vieram as de que casais homossexuais podem adotar e o acesso a tratamentos de inseminação artificial para casais de mulheres. Por lá, a homofobia é crime desde 1981 – muito antes disso ser até discutido aqui pelo Brasil.
1. Islândia
É oficial: o melhor lugar do mundo para ser gay é a Islândia, pequeno país-ilha localizado no Oceano Atlântico Norte e que possui uma população de pouco mais de 320 mil habitantes. O país ficou com 79 pontos na média geral do índice geral de felicidade homossexual, e ganhou o primeiro lugar no ranking. O país legalizou o casamento homoafetivo em junho de 2010, mas desde 2006, os casais de pessoas do mesmo sexo têm direitos iguais aos heterossexuais para adotar crianças e para ter acesso aos tratamentos de inseminação artificial (este último, no caso das mulheres). Além disso, uma lei de 2012, obrigou o Hospital Universitário Nacional da Islândia a criar um departamento para identificar e tratar a disforia de gênero (termo técnico para o desconforto de algumas pessoas com o gênero que receberam em suas certidões de nascimento). O hospital também realiza cirurgias de transgenitalização gratuitas, depois de o candidato à operação passar por um acompanhamento de 18 meses – sendo 12 deles no novo gênero escolhido – e de passar por um comitê de especialistas, que verificam se o diagnóstico de disforia está correto.
Para comparar:
39. Brasil
Nosso país ficou em 39º lugar no ranking dos melhores lugares para ser gay no mundo todo, atrás de lugares como a Colômbia, Taiwan, Camboja, Cuba e México – que, aliás, também legalizou o casamento gay na semana passada. Por aqui, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é permitido desde 2013, e a Parada Gay de São Paulo já foi parar no Guinness World Records como a maior do mundo. Não há leis que proíbam a adoção de crianças por casais do mesmo sexo e, baseados nisso, vários juízes estão legislando favoravelmente à adoção. Mesmo assim, o preconceito ainda é grande. Nosso Brasil ficou com somente 37 pontos no quesito “opinião pública” da pesquisa, 53 em “comportamento público” e com 64 em “satisfação com a vida”. Mas estamos avançando, e isso também foi percebido pelos participantes da pesquisa: a maioria afirmou que houve mudança no último ano.