Num destaque anexado ao relatório de março sobre as migrações, a FRA recorda que “quase 80 países em todo o mundo ainda criminalizam a orientação sexual”, sendo que em cinco deles uma determinada orientação sexual pode resultar “em pena de morte”.
“Apesar de esse tipo de perseguição constituir uma base legítima para solicitar o estatuto de refugiado de acordo com a legislação da UE, estes números oficiais não são recolhidos, o que torna mais difícil determinar o número de requerentes de asilo que são LGBTI”, indica a agência.
As estimativas de LGBTI que solicitam o estatuto de refugiado apontam para “números significativos”, escreve a FRA, dando como exemplo a Holanda: “Na Holanda, uma só organização foi contactada por mais de 3.000 requerentes”.
A agência realça que a UE oferece proteção aos LGBTI que são alvo de perseguição nos seus países, mas ressalva que “muitos Estados-membros não estão a dar o apoio adequado aos requerentes de asilo LGBTI” e lista as principais deficiências na forma de atender as pessoas com estas orientações sexuais.
“São poucos os Estados-membros que têm linhas de ação nacionais ou treino sobre a forma de entrevistar [para efeitos de conceder asilo] as pessoas LGBTI”, refere a agência no relatório.
Por outro lado, estas entrevistas para efeitos de asilo “são muitas vezes demasiado curtas para determinar, especificamente, as alegações de perseguição” por motivos relacionados com o facto de o solicitante “ser LGBTI”.
Este fator é particularmente problemático porque “os requerentes podem sentir desconforto ao revelar aspetos íntimos da sua vida”.
A FRA também detetou que os agentes que decidem sobre o estatuto de refugiado “têm uma visão estereotipada sobre a orientação sexual ou a identidade de género”. Por outro lado, os próprios “intérpretes também podem ter um preconceito anti-LGBTI”, acrescenta a agência.
A maioria dos Estados-membros não dispõe de acomodações específicas para migrantes LGBTI, indicou também a FRA.